terça-feira, 25 de outubro de 2011

SEEDUC MOSTRA BONS RESULTADOS NO ENEM. COMO?


Ai meu Deus!!! A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) teve o prazer de divulgar o desempenho das escolas públicas no ENEM 2010. Foi tudo maravilhoso. Segundo estudo feito pela própria Secretaria, os alunos que pretendem usar as notas do exame nacional para entrar numa universidade, podem ficar otimistas. Pois a análise mostra que comparado a outros estados, o Rio de Janeiro teve o melhor desempenho dentre as escolas públicas (estaduais e federais).

Tô começando a achar que o governador Sérgio Cabral vai matricular seus filhos nas escolas públicas, visto que o estudo (com gráficos e mais gráficos)COMPROVA que a diferença entre as médias das redes privada e pública é bem menor no Rio de Janeiro do que na maioria dos outros estados da federação. Para que então gastar o suado dinheirinho pagando escola para aquela prole enorme?

O estudo foi feito com ponderação. Só levou-se em conta escolas cuja participação dos alunos superou 75%. Isso me faz sentir a necessidade de que a Seeduc realize um novo estudo. Este, para verificar qual a percentagem de participação dos alunos no ENEM em escolas públicas nas periferias mais periféricas do estado. Haja visto que, apesar de não ter dados conclusivos, pois a amostragem ainda é pequena, uma pesquisa que realizei mostrou que a participação de alunos de escolas estaduais em áreas pobres da cidade do Rio de Janeiro não chega a 75% dos alunos da 3ª série do ensino médio. Não há nada de bom nisso.

A análise da Seeduc só traz boas notícias. De acordo com ela, o desempenho maravilhoso do estado se dá em todoas as disciplinas. Esses alunos são gênios mesmo. Mantêm as boas notas ainda que não tenham professores de Física, Geografia ou Química. Deve ser por isso que o Risolia ri à toa. Afinal, é pra rir. Pois os dados excepcional da Secretaria de Educação faz a greve de professores, a falta deles, e a infraestrutura ruída de várias unidades de ensino parecerem só um pesadelo coletivo.

Nada disso existe! Nem a cara de pau da Seeduc de tomar os bons desempenhos, já conhecidos de todos, das escolas públicas federais para si.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O que as crianças brasileiras sabem do pré-sal


Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a descoberta do petróleo na camada pré-sal, foi como ouvir um doce coro de anjos vindo do céu. Alguns anos depois, a grande jazida de petróleo ainda não se tornou concreta para a sociedade brasileira. Continua tão distante quanto linhas cruzadas no infinito, que antes eram paralelas

Num grupo de 30 crianças e adolescentes, com idades entre seis e 15 anos, nenhum deles pode dizer qualquer coisa sobre o pré-sal. Apenas nove já ouviram falar dele. É uma pequena amostra, mas absolutamente capaz de refletir o que acontece em todo o país.

De acordo com Paulo Levy, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), o impacto social e econômico ainda está por acontecer. "Há uma perspectiva do impacto. Quando o Brasil começar a explorar o petróleo, provavelmente haverá o aumento de divisas. Isso se traduz como a manutenção de uma demanda crescente", afirma Levy.

Se há algo unânime em relação ao pré-sal é o fato de que ele não é para agora. Alguns dizem que seus resultados são para os próximos dez anos. É algo para se esperar. É como se a camada de sal estivesse grávida. É claro que essa gravidez não vai durar apenas nove meses, mas uma geração. Representa o período de vida de muitas crianças até que elas se tornem adultos produtivos. Este é um dos maiores desafios da política do pré-sal: transformar aquelas crianças, que não sabem nada sobre a jazida de petróleo, em capital humano.


José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, já disse em entrevista que a estatal tem o maior programa de investimento do mundo hoje. São US$50 Bilhões para gerar trabalhadores tecnicamente habilitados para lidar com petróleo em águas profundas e em toda a cadeia produtiva. É muito dinheiro. Mas parece não ser suficiente.

Em uma economia superaquecida, há uma urgência por trabalhadores capazes de ajudar as indústrias a desenvolverem suas produções de maneira sustentável. Este fato levou o governo a criar mais escolas técnicas. Durante a administração Lula, 214 instituições de ensino técnico foram construídas.

Em maio, o Ministro da Educação, Fernando Haddad, confirmou que o Governo Federal investirá R$ 1 bilhão no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Trabalho (Pronatec)em 2011. Este programa tem a expectativa de ampliar e democratizar a oferta de cursos técnicos no Brasil. Através do Pronatec, o governo espera que oito milhões de pessoas recebam educação técnica até 2014.

A intenção do governo brasileiro é ampliar, na administração Dilma Rousseff, o atual número de escolas técnicas, que é de 354 unidades, para 600 unidades. Esta pode ser a chave para ajudar a Petrobras a superar o grande obstáculo que a atrapalha a alcaçar todas as benesses da enorme jazida de petróleo no Atlântico Sul. O governo atual demonstra a mesma vontade de expansão iniciada na administração anterior. Entretanto, todas as escolas técnicas precisam ser bem supervisionadas pelo Ministério da Educação, porque quantidade não significa qualidade. E isso requer um grande esforço, sem poder esperar muito.

"O Brasil deveria adquirir dívidas agora para investir em educação de qualidade e capacitar a indústria nacional", diz Paulo Levy. Ele acredita que o pré-sal pagará. Segundo o economista do IPEA, com receita adcional pode-se investir em educação e infrestrutura, porque o pré-sal originará uma receita não infinita, mas demasiadamente grande.



A necessidade de superar as falhas do ensino fundamental requer ações urgentes do governo, pois a TV e a internet não são suficientes para sanar a falta de informações importantes nas áreas mais pobres do país. Em tais localidades as crianças não têm a menor ideia de que se o governo brasileiro trabalhar corretamente, suas mãos serão as que vão trazer para cima o petróleo e empurrar para baixo a falta de educação, saúde e saneamento.

Maria Júlia Lisboa, oito anos de idade, disse que não sabe o que é pré-sal, mas sabe o que é pressão. Talvez essa seja a palavra: Pressão.Parte da sociedade que recebe boa educação e informação deve pressionar todos os níveis de governo e fazê-los remover o véu dos olhos de crianças desfavorecidas socialmente. Assim, todos poderão ver claramente os benefícios do presente da natureza que o Brasil recebeu e trabalhar para produzir um crescimento sustentável para as gerações futuras.

domingo, 13 de março de 2011

Máximo do Mínimo

Parece que mínimo é a palavra chave da educação brasileira. Após décadas de mínima qualidade, mínima capacitação dos professores e mínimos salários, agora temos o Currículo Mínimo. Ele faz parte do novo Programa de Educação do Estado, lançado no início do ano letivo de 2011 pela Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC).

Anunciado em janeiro pelo secretário de Educação do estado do Rio de Janeiro, Wilson Risolia, o Currículo Mínimo possui seis disciplinas (Língua Portuguesa/Literatura; Matemática; História; Geografia, Sociologia e Filosofia). Com isso, espera-se cumprir os objetivos da educação básica.

Para Beatriz Pelosi, diretora de Pesquisa e Orientação Curricular da SEEDUC, o Currículo Mínimo tem como objetivo contemplar o aluno com conhecimentos importantes para que ele esteja preparado para o mundo do trabalho, do estudo universitário e para a vida. O Currículo Mínimo também prepara o aluno para avaliações como a Prova Brasil e o Enem", afirma Beatriz.

Equipes disciplinares de professores da rede estadual conceberam a redação e revisão dos livretos que estão à disposição das equipes pedagógicas nas escolas. No etanto, o Currículo Mínimo não define métodos, materiais didáticos ou formatos. O que se espera com ele,são resultados. Mas quem os garante?

As escolas públicas do Rio de Janeiro, assim como em todo o país, carecem de estruturas físicas e profissionais. Portanto, de nada adiante ter um currículo que estabeça aulas de Filosofia, por exemplo, quando não há professores de Filosofia nas escolas.

O Currículo Mínimo, no mínimo, é uma boa idéia. Mas para que se obtenha o máximo de bons resultados dele, é necessário o máximo de fiscalização, o mínimo de corrupção, o máximo de vontade política e o mínimo de descaso. Só assim se obterá o máximo do mínimo para garantir a qualidade daquilo que sustenta um país desenvolvido: a Educação.