segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A culpa é do livro didático?


Mais de trezentos milhões de reais. é esse o tamanho do investimento feito pelo Ministério da Educação(MEC)no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). No entanto, há algum tempo muita gente começou a questionar para que tanto gasto.

Escolas estão dispensando o material distribuído gratuitamente pelo MEC. A preferência é por sistemas estruturados de ensino, fornecidos por empresas privadas como COC, Objetivo e Positivo. Só em São Paulo são, aproximadamente, 143 municípios que pagam de R$125 A R$300 por aluno. O estado possui o menor índice de adesão ao programa do governo, com apenas 77% das escolas utilizando os livros. A era é das apostilas.

O gasto com as apostilas, a princípio, se mostra uma exorbitância diante do PNLD. "Houve uma avaliação do material, um investimento enorme por parte do MEC, inclusive com deslocamento de pessoal para garantir a melhor seleção possível", afirma Cristina Carvalho, professora e doutora em Educação do Departamento de Educação da PUC-Rio.

Embora o Brasil não seja um país de pessoas dadas à leitura, todo o esforço do governo com o Programa nos colocou em oitavo lugar no mercado editorial mundial. Graças ao grande aumento na produção de livros didáticos (cerca de 80% desse mercado). O MEC distribui, sem custos para as escolas, cerca de 130 milhões de obras. O material chega através da Empresa de Correios e Telégrafos, no período que vai de outubro até o início do ano letivo.


O esforço do governo é ignorado, de acordo com os municípios que dispensam o Programa, com o objetivo de melhorar a colocação no ranking nacional do Índice de Desenvolvimento na Educação Básica (IDEB). Segundo pesquisa realizada pela Fundação Lemann, o uso de sistemas de ensino aumenta em cinco pontos as notas dos alunos em Matemática e Língua Portuguesa.

Os sistemas de ensino estruturado não caíram nas graças de todos os educadores. Para alguns, não são mais do que uma forma de engessar e simplificar a complexa questão da qualidade do ensino básico.Para os defensores, o uso das apostilas em detrimento do livro didático, traz a vantagem da orientação que o material dá a eles. Juntamente com as apostilas, as escolas recebem uma equipe técnica para orientar e ajudar o corpo doscente a entender o conteúdo daquilo que vão passar para os alunos nas salas de aula.

Diante de resultados positivos, mesmo com gastos bem maiores por parte de algumas cidades, é difícil não questionar se o MEC não estaria jogando no lixo, ou no mínimo mal utilizando os recursos gastos com o PNLD. O que isso nos diz sobre a Educação brasileira?

De acordo com Cristina Carvalho, "é leviano jogar a culpa no livro didático". Para ela o problema maior está na formação do professor, que deve adotar uma postura crítica em relação ao material selecionado no Guia do livro que segue para as unidades de ensino. "O livro didático deve ser um meio, não um fim", diz.

Perante a dúvida:Livro didático ou apostila? A coisa clara e evidente é que o país precisa investir com seriedade e afinco na formação de professores e no desenvolvimento do trabalho que eles fazem dentro das escolas, respeitando as diferenças entre elas e respeitando, acima de tudo, o lema que diz: "Educação, direito de todos"